5 erros tipográficos a que ninguém escapa. O quinto vai espantá-lo!
Ao escrever um texto num computador, a generalidade das pessoas baseia o seu conhecimento tipográfico no teclado que tem à sua frente, cuja configuração é uma infeliz herança das máquinas de escrever.
Por razões mecânicas e práticas, as máquinas de escrever foram criadas com a menor quantidade possível de teclas. Algumas versões iniciais não tinham caracteres minúsculos nem caracteres diferentes para o zero e para o “o”, ou para o “I” e para o “1”. Os modelos posteriores, resolvidas estas necessidades mais óbvias, continuaram a ser tipograficamente deficitários.
Quando se criaram os teclados para os computadores, foi seguido o esquema da configuração das máquinas de escrever. É certo que aos teclados foram adicionadas mais teclas; símbolos e sinais visíveis, facilmente acessíveis, mas omitiram outros sinais que qualquer operador em qualquer oficina de impressão usava e que a generalidade dos utilizadores modernos desconhece. Ali, escondidos à vista de todos, está um manancial tipográfico1. Por causa desse desconhecimento, quase todos nós usamos de forma errada diversos caracteres:
1. travessões
Perante a necessidade de uso de um traço horizontal ou de um sinal de subtracção, a maioria das pessoas limita-se a usar o hífen. Para os mais versados na escrita, o travessão. Porém há seis tipos de traços horizontais à nossa disposição:
- barra horizontal. Em múltiplas fontes, é igual ao travessão maior: usada para citações ou início de diálogo;
- travessão “em”, ou seja, da largura de um “M”: usado na quebra do pensamento ou na descrição do texto.
- travessão “en”, ou seja, da largura de um “n”: usado para separar conjuntos (por exemplo: 1993–1998).
- travessão de figura: uso idêntico ao hífen e sinal matemático de subtracção, mas com a largura do número.
- hífen: usado na formação de palavras compostas e quebras de linha.
- sinal matemático de subtracção.
2. versaletes
Os versaletes (conhecidos como small caps em inglês), são uma versão menor em altura das maiúsculas. São usados para assinalar algumas palavras, como por exemplo, nomes de locais ou instituições, mantendo o alinhamento visual com as minúsculas.
3. sinais matemáticos
Outro dos erros comuns é o uso do “x” ou de “*” para indicar multiplicações e o “/” para divisões. Não necessita destas más soluções pois a maioria das fontes contém os símbolos matemáticos necessários.
4. números antigos
Quase esquecidos ou frequentemente mal usados, os números antigos, também chamados non-lining numbers, e de forma mais pragmática, também conhecidos como números minúsculos, têm o mesmo propósito das restantes letras; opção entre versão minúscula e maiúscula. Contudo, algures no século XIX, caíram em desuso, quer por hábito, quer pela simplificação de uso na composição tipográfica; e claro, com as limitações das máquinas de escrever que mantiveram apenas os números maiúsculos.
O seu esquecimento fez com que este tipo de caracteres fossem descartados das fontes, e actualmente só algumas os disponibilizam. Se a fonte o permitir, deverá poder configurar o seu software de edição para os usar. As fontes profissionais e completas ainda têm outra versão de números maiúsculos e minúsculos; os tabulares, usados para alinhar os números em linhas diferentes, somando-se em 4 as versões disponíveis para um uso tipográfico correcto.
5. reticências
Por esta altura já adivinhou! As reticências não são três pontos seguidos. O sinal de reticências é autónomo e tem um espaçamento diferente entre os pontinhos que o constituem. Alguns softwares já detectam por omissão e corrigem automaticamente esse erro, e outros permitem que o utilizador o pré-defina.
Notas
1Nas fontes de qualidade. Noutras, a oferta é parcial, e nas de má qualidade é nula